Bioeconomia – Produção sustentável

O que é a bioeconomia?
Bioeconomia é uma economia sustentável, que reúne todos os setores da economia que utilizam recursos biológicos (seres vivos). Basicamente visa ações para geração de valor por meio de uma produção circular, onde o “resíduo” de um processo é matéria prima de outro, até que tudo esteja interligado em um processo circular.

Esse mercado destina-se a oferecer soluções coerentes, eficazes e concretas para os grandes desafios sociais, como a crise econômica, as mudanças climáticas, substituição de recursos fósseis, segurança alimentar e saúde da população.

Desde a origem do conhecimento biotecnológico moderno na década de 1970, com pesquisas em diversas áreas como genética, biologia molecular, bioquímica, houve um crescente interesse e expectativas pelo desenvolvimento de uma indústria de biotecnologia. Portanto, a biotecnologia tem sido caracterizada como um novo setor industrial que transformará a sociedade e a economia (Birch & Tyfield, 2013).

Nesse sentido, o desenvolvimento da bioeconomia, a partir da biotecnologia, está pautado em um argumento bem convincente. Acredita-se que até 2050, a população mundial deverá atingir 9 bilhões, o que colocará uma pressão sem precedentes sobre o meio ambiente e seus recursos, ou seja, as ameaças das mudanças climáticas, o esgotamento da biodiversidade, a escassez de água e terra e o aumento dos níveis de poluição, necessitam de novas soluções. Portanto, uma bioeconomia orientada pela inovação, que tem como objetivo final a conservação dos recursos naturais, pode fornecer renovação, circularidade e multifuncionalidade, criando empregos, crescimento e prosperidade nas áreas rurais, costeiras e urbanas. Sendo assim, a bioeconomia promete liderar a próxima onda emergente do desenvolvimento econômico global, tendo como base a energia renovável, matérias primas renováveis, produtos recicláveis, processos biológicos, organismos naturais, fermentação, biotecnologia (Bell et al., 2017; Dupont-Inglis & Borg, 2017; McCormick & Kautto, 2013; Székács, 2017).

Biorrefinarias – Europa
Em 2017, a estratégia de bioeconomia da União Europeia completou cinco anos. A proposta inicial surgiu como uma forma de avançar para uma sociedade mais sustentável, com o argumento de que a obtenção de crescimento e emprego na Europa só poderia ser alcançada por meio do uso eficiente dos recursos, criando uma economia circular capaz de reduzir a geração de resíduos e fazer uso de resíduos como recurso. A bioeconomia europeia já é um importante setor econômico que representa cerca de 18 milhões de empregos em diversas indústrias bem estabelecidas. Muitos êxitos foram alcançados e há uma crescente compreensão e apreciação do papel que a bioeconomia desempenhará na entrega de um futuro mais inteligente e sustentável para a Europa e seus cidadãos (Bell et al., 2017; Dupont-Inglis & Borg, 2017).

Permeando os conceitos de economia circular e bioeconomia, as biorrefinarias surgem como uma atividade importante para reverter a degradação ambiental. O conceito de produzir produtos a partir de commodities agrícolas (ou seja, biomassa) não é novo, embora, o uso da biomassa como entrada para produzir múltiplos produtos usando métodos de processamento complexos, com uma abordagem análoga a uma refinaria de petróleo é relativamente recente. A biomassa consiste em carboidratos, lignina, proteínas, gorduras e, em menor grau, vários outros produtos químicos, como vitaminas, corantes e aromas. Mais especificamente, o termo biorrefinaria refere-se à conversão de matéria-prima de biomassa em uma série de produtos químicos e energia valiosos com o mínimo de resíduos e emissões (Demirbas, 2009; Fernando et al., 2006).

O conceito de biorrefinaria é uma aplicação técnica do principio de Economia Circular em que a exploração da biomassa é melhorada. Na biorrefinaria, as etapas individuais da cadeia de valor imitam a exploração gradual da biomassa, a fim de explorar todos os compostos disponíveis. Se todo o recurso for utilizado, a produção de resíduo zero possivelmente será alcançada (Seghetta et al, 2016).

PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL
Paraoil – Usina extratora de óleos e manteigas naturais
A Paraoil é uma empresa brasileira, localizada na Amazônia que tem como objetivo criar valor as sementes da floresta, gerando renda para pequenos agricultores e incentivando a economia local. Um de seus principais produtos é manteiga de cupuaçu, extraído a partir da semente de cupuaçu, resíduo que é gerado do processo de corte da polpa de cupuaçu, amplamente utilizada na produção de sucos e doces, a torta do processo de extração a frio é utilizada como adubo orgânico nas plantações de pequenos agricultores da região, estando alinhado com os princípios da Economia Circular, vejam no vídeo abaixo o resumo do processo de produção da manteiga de cupuaçu, iniciando desde as flores nos quais surgem o fruto, passando pelo despolpamento e retirada da semente, até o produto embalado.

A manteiga de cupuaçu é uma importante matéria prima para as industrias de cosmético, uma vez que possuem ótimas propriedades que a tornam apta a ser utilizada na pele, cabelos, lábios e unhas. É um triglicerídeo (lipídeo ou gordura) que apresenta um composição equilibrada de ácidos graxos saturados e insaturados, que lhe confere um baixo ponto de fusão, de aproximadamente 30° C, ou seja, acima dessa temperatura passa do estado sólido para líquido. Isso facilita sua utilização, já que ela derrete rapidamente ao entrar em contato com a pele. Apresenta um certo grau de absorvância dos raios ultra violeta (UV), principalmente UVB e UVC (mas não há como medir qual seria a equivalência do produto em termos de fator de proteção solar – FPS), possui alta capacidade de absorção de líquidos, cerca de duas vezes superior à da lanolina, que é proveniente de origem animal e frequentemente um produto que causa alergias. Além do mais, a manteiga de cupuaçu é uma ótima alternativa vegana aos derivados animais.

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